Educar com amor
Esse blog é dedicado a todos os meus alunos e a todas as pessoas que me apoiam nessa tarefa árdua de educar . Meus alunos são minha vida e cada um deles mora dentro do meu coração!
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segunda-feira, 19 de junho de 2017
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Meu meste
Antonio Rodrigues de Sá é seu nome.Um exemplo de amigo,um pai para seus alunos.Minha inspiração,meu exemplo.Amo meu mestre.Meu pai e amigo.Obrigada por tudo .Que Deus lhe abençoe hoje e sempre.Te amo.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Mestre Pastinha
Nome: Vicente Ferreira Pastinha
Nasceu em 5 de abril de 1889
Filho do espanhol Jose Senor Pastinha
e de Dona Maria Eugenia Ferreira.
Faleceu em 13 de novembro de 1981.Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe ,com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que sobrevivia de vender acarajé e de lavar roupas.
Dizia não ter aprendido a capoeira em escola, mas "com a sorte".
Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha
no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no
'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida:
"Quando
eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais
taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir
na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só
sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido
de vergonha e de tristeza."
A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um
dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da
gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva
depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e
tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu
cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho
me disse e eu fui".
Com oito anos de idade Pastinha conheceu a arte da capoeira. Quem o
iniciou foi um negro africano a quem chamava de tio Benedito que ao ver
Pastinha um menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho
resolveu ensinar-lhe a arte da capoeira. Passava tardes inteiras
treinando num velho sobrado da rua do Tijolo em Salvador. Ali aprendeu
além de tudo a jogar com a vida e a ser um vencedor.
"Ele
costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele
sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz
ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu
rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."
Viveu uma infância feliz, porém, modesta. Durante as manhãs frequentava
aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À
tarde, empinava arraia e jogava capoeira. Com 13 anos era o mais
respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado por seu pai
na Escola de Aprendizes de Marinheiro que não concordava muito com a
prática da capoeira pois achava que era muita vadiagem. Conheceu os
segredos do mar e ensinou aos amigos que conquistou a arte da capoeira.
"Aos
doze anos, em 1902, eu fui para a Escola de Aprendiz de Marinheiro. Lá
ensinei Capoeira para os colegas. Todos me chamavam de 110. Saí da
Marinha com 20 anos (...). Vida dura, difícil. Por causa de coisas de
gente moça e pobre, tive algumas vezes a Polícia em cima de mim. Barulho
de rua, presepada. Quando tentavam me pegar eu lembrava de mestre
Benedito e me defendia. Eles sabiam que eu jogava Capoeira, então
queriam me desmoralizar na frente do povo. Por isso, bati alguma vez em
polícia desabusado, mas por defesa de minha moral e de meu corpo(...).
Naquele tempo, de 1910 a 1920, o jogo era livre.
'Passei
a tomar conta de uma casa de jogo. Para manter a ordem. Mas, mesmo
sendo capoeirista, eu não me descuidava de um facãozinho de doze
polegadas e de dois cortes que sempre trazia comigo. Jogador
profissional daquele tempo andava sempre armado. Assim, quem estava no
meio deles sem nenhuma arma bancava o besta. Vi muita arruaça, algum
sangue, mas não gosto de contar casos de briga minha. Bem, mas só
trabalhava quando minha arte negava sustento. Além do jogo trabalhei de
engraxate, vendia gazeta, fiz garimpo, ajudei a construir o porto de
Salvador. Tudo passageiro, sempre quis viver de minha arte. Minha arte é
ser pintor, artista (...)."
Quando
completou 21 anos voltou para Salvador, decidido a se dedicar à
pintura. Nos horários de folga praticava capoeira às escondidas, pois
no início do século esta luta era crime prevista por Lei.
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao
longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como
pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os
conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A
originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto
expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico
e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior
propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no
Brasil.
O
ritmo da sua vida foi alterado quando um ex-aluno o levou para
apresentar aos mestres que faziam uma roda de Capoeira tradicional, na
Ladeira da Pedra, no bairro da Gingibirra, em Salvador, no ano de 1941.
"Na roda só tinha mestre. O mais mestre dos
mestres era Amorzinho, um guarda civil. No apertar da mão me ofereceu
tomar conta de uma academia. Eu dei uma negativa, mas os mestres todos
insistiram. Confirmavam que eu era o melhor para dirigir a Academia e
conservar pelo tempo a Capoeira de Angola."
No ano de
1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, situado no casarão
19 do Largo do Pelourinho esta foi sua primeira Escola de Capoeira.
Seus alunos usavam como uniforme calças pretas e camisas amarelas,
cores do time pelo qual torcia na Bahia, o YPIRANGA FUTEBOL CLUBE.
Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Pastinha trabalhou bastante em prol da Capoeira, representando o Brasil e a Arte Negra em vários países.
Em
1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de
Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a
violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965,
publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.
Entre
seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola
Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre
muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou
notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge
Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972).
"Mas
tem muita história sobre o começo da Capoeira que ninguém sabe se é
verdadeira ou não. A do jogo da zebra é uma. Diz que em Angola, há muito
tempo, séculos mesmo, fazia-se uma festa todo ano em homenagem às
meninas que ficavam moças. Primeiros elas eram operadas pelos
sacerdotes, ficando igual, assim, com as mulheres casadas. Depois,
enquanto o povo cantava, os homens lutavam do jeito que fazem as zebras,
dando marradas e coices. Os vencedores tinham como prêmio escolher as
moças mais bonitas (...). Bem, mas de uma coisa ninguém duvida: foram
os negros trazidos de Angola que ensinaram Capoeira pra nós. Pode ser
até que fosse bem diferente dessa luta que esses dois homens estão
mostrando agora. Me contaram que tem coisa escrita provando isso.
Acredito. Tudo muda. Mas a que a gente chama da Capoeira de Angola, a
que aprendi, não deixei mudar aqui na Academia. Essa tem pelo menos 78
anos. E vai passar dos 100, porque meus discípulos zelam por mim. Os
olhos deles agora são os meus. Eles sabem que devem continuar. Sabem
que a luta serve para defender o homem (...). Saem daqui sabendo tudo,
sabendo que a luta é muito maliciosa e cheia de manhas. Que a gente tem
de ser calmo. Que não é uma luta atacante, ela espera. Capoeirista bom
tem obrigação de chorar no pé do seu agressor. Está chorando, mas os
olhos e o espírito estão ativos. Capoeirista não gosta de abraço e
aperto de mão. Melhor desconfiar sempre das delicadezas. Capoeirista
não dobra uma esquina de peito aberto. Tem de tomar dois ou três passos
à esquerda ou à direita para observar o inimigo. Não entra pela porta
de uma casa onde tem corredor escuro. Ou tem com o que alumiar os
esconderijos da sombra ou não entra. Se está na rua e vê que está sendo
olhado, disfarça, se volta rasteiro e repara de novo no camarada. Bem,
se está olhando ainda, é inimigo e o capoeirista se prepara para o que
der e vier (...)."
Os
conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo o país. A
originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão
artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental
para que o talento se expanda em criatividade.
"Capoeira de Angola só
pode ser ensinada sem forçar a naturalidade da pessoa, o negócio é
aproveitar os gestos livres e próprios de cada qual. Ninguém luta do
meu jeito mas no jeito deles há toda a sabedoria que aprendi. Cada um é
cada um (...). Não se pode esquecer do berimbau. Berimbau é o
primitivo mestre. Ensina pelo som. Dá vibração e ginga ao corpo da
gente. O conjunto da percussão com o berimbau não é arranjo moderno não,
é coisa dos princípios. Bom capoeirista, além de jogar, deve saber
tocar berimbau e cantar. E jogar precisa ser jogado sem sujar a roupa,
sem tocar no chão com o corpo. Quando eu jogo, até pensam que o velho
está bêbado, porque fico todo mole e desengonçado, parecendo que vou
cair. Mas ninguém ainda me botou no chão, nem vai botar (...)"
Com 84
anos de idade, doente, e fisicamente debilitado, foi morar no
Pelourinho em um pequeno quarto, com sua segunda esposa, Dona Maria
Romélia, deixando a antiga sede da Academia , devido aos problemas
financeiros, o único meio de sobrevivência provinha dos acarajés que sua
esposa vendia. Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias
esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois
derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso.
Em Abril de 1981, participou da última roda de Capoeira de sua vida.
Numa sexta-feira, 13 de novembro de 1981, Mestre Pastinha se despede
desta vida aos 92 anos, cego e paralítico, vítima de uma parada
cardíaca fatal. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo
completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos
capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo.
"Tudo o
que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na
porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira,
mãe. E embaixo, o pensamento:
'Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista'.
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